O comportamento dos dois cães, do gato e da tartaruga não está causando uma boa impressão nos nossos visitantes.
Há manhãs em que entro na cozinha e me deparo com dois cães, um gato e uma tartaruga me encarando. Nesse momento, penso: como deixei isso acontecer?
Porém, na maior parte do tempo, já estou acostumado – com os oito olhos me observando e com o caos adicional que um segundo cachorro trouxe para a rotina. Caminho descalço pela sala, pisando nos restos do que o novo cão destruiu recentemente: vasos de plástico trazidos do jardim, pedaços de esteiras desfiadas e partes de papelão que, possivelmente, eram do correio da manhã.
O novo cão está ocupado com seu brinquedo favorito do momento: um pedaço grande e irregular de concreto que ele desenterrou de um canteiro do jardim, algo que chamamos educadamente de “sua rocha”. Por “ocupado”, quero dizer que ele segura o concreto com os dentes, levanta-o e o deixa cair no chão com um estrondo. Enquanto isso, preparo meu café e me sento com os pés na cadeira oposta, para que a tartaruga não se aproxime e morda meus dedos.
O gato sobe na mesa e caminha de um lado para o outro entre mim e meu laptop, ocasionalmente batendo sua testa na minha.
“Estou lendo isso”, digo.
Miau”, responde o gato.
“Não”, digo. O gato nunca vai me deixar esquecer que, há oito semanas, eu o alimentei duas vezes por engano.
“Miau”, insiste o gato.
“Isso não está em discussão”, digo. “Você precisa superar isso.”
“Miau”, continua o gato. Isso dura 20 minutos, até que minha esposa entra e o empurra para fora da mesa.
“Meu Deus, essa sala”, ela diz. “Parece… não sei.”
“Parece que humanos não vivem mais aqui”, respondo. De onde estou sentado, vejo que o novo cão mastigou a ponta do rodapé onde a parede faz uma curva perto da porta. Isso é um golpe pessoal – gastei horas escolhendo aquele rodapé para que combinasse com o restante da sala, mesmo que não combine completamente.
Um caos familiar
Quando a namorada do meu filho aparece, perguntando o que o cachorro está fazendo, não consigo culpá-la pela confusão. Enquanto isso, o novo cão continua com sua energia interminável, agora mergulhando entre as almofadas do sofá, deixando suas pernas traseiras para o alto.
“Ela gosta de desenterrar coisas que escondeu no sofá”, explico.
“Que tipo de coisas?”, ela pergunta.
“Você não quer saber”, respondo.
Enquanto isso, o gato sai pela portinhola, e a tartaruga disputa a comida do gato com o cachorro mais velho. Assisto ao ciclo se repetir – mordida do cachorro, mordida da tartaruga, mordida do cachorro, com a tartaruga retraindo sua cabeça a tempo – até lembrar que comida de gato custa dinheiro.
“Chega”, digo, tirando o prato deles.
À noite, o novo cão reaparece, enterrando sua cabeça entre as almofadas do sofá, enquanto ouvimos o estrondo familiar do pedaço de concreto caindo no chão da cozinha.
“Nem é uma rocha de verdade”, concluo, suspirando.
Com informações de theguardian.com.
Lisa Ferrari é uma veterinária apaixonada por gatos com vasta experiência em saúde felina. Adora compartilhar conhecimentos de forma simples e objetiva a respeito do mundo dos felinos. Sempre simpática e alegre, Lis se conecta facilmente com seus leitores, transmitindo a grande paixão e carinho que tem pelos gatos. Além de seu trabalho como veterinária, ela também é a dedicada mãe do Mingal e da Pipoquinha, o que reforça ainda mais sua empatia e compreensão sobre as necessidades e comportamentos desses adoráveis animais.